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Escrever é tentar retratar nossos sentimentos, com menos perdas de que quando o falamos, é desenhar por meio de palavras o combústivel que regulariza e impulsiona o nosso coração de forma precisa e necessrária. IG
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sexta-feira, 26 de junho de 2009

Pequena história de um grande amor...



-Moça! Quer comprar passarinhos?
-Passarinhos? Respondeu a minha mãe com um entusiasmo assustador, sinceramente não sei o que há de entusiasmante em se comprar pássaros, continuei a folhear o livro de eletromagnetismo que iria começar a estudar.
-Isso mesmo senhora! E o melhor de tudo é que eles possuem os casaquinhos mais bonitas que a senhora já viu e além disso podem ser criados em liberdade.
-Criados em liberdade???Moço o senhor tem certeza? Nunca ouvi falar disso. Indagou a minha mãe com um ar de curiosidade
-Filha!!! você quer um pássaro?? perguntou-me. Nesse momento me encontrava com o nível de falta de concentração altíssimo por conta daquela situação, o que me deixa irritada, o fato de não conseguir me concentrar no meu assunto e também o fato de achar aquele vendedor com cara de mentiroso. voltei-me à janela, onde aquele fato se passava, pronta a iniciar um discurso com respeito da tremenda falta que um pássaro faz na minha vida, quando notei um bando de pássaros pousados rente ao fio que se encontra em frente da janela do meu quarto, todos se encontravam ordenadamente e eles trajavam fraques xadrez de cor cinza e cada um deles alternavam o cinza com cores diferentes, fiquei tão surpresa que a única reação que tive foi falar: - Moço!!! porque os senhor veste roupas de gente em pássaros??
-Eu não visto! Eles são assim. Retrucou o vendedor com ar de naturalidade e ele me olhava com cara de quem pergunta:”Onde ela vive que nunca observou que pássaros usam fraques?”. Neste exato momento, minha mãe interrompeu minha mais nova descoberta com um estridente:-Eu quero o cinza e amarelo moço, ela gosta de amarelo, desde pequena fiz pra ela uma coleção de sapatos e relógios que variavam do amarelo ao rosa! O moço prontamente soltou um assobio que na minha percepção, nada diferia dos outros assobios mas foi esse que mobilizou, exatamente aquele pássaro de fraque cinza e amarelo a pousar sobre o batente de minha janela.
-Olha como eu já havia dito, ele deve ser criado solto, não precisa se preocupar com sua alimentação, deixe-o livre e ele sempre saberá voltar , são só cinquenta reais moça! Enquanto se preparava pra ir pegar o valor, minha mãe que já se encontrava com aquele pássaro estranho pousado em seu dedo e enchendo-o de mimos, fez com que ele pousasse junto a mim sobre a mesa de estudos, na qual eu já me encontrava resignada e apenas fingia fazer alguns cálculos em minha calculadora enquanto observava falsamente o livro, mas na verdade me fascinava toda aquele fato estranho que se desenvolvia ao meu redor.
- Toma conta dele enquanto vou pegar o dinheiro. Disse ela retirando-se logo em seguida, fingi mais uma vez não dar importância apenas acenei positivamente com a cabeça, afinal o que há de extraordinário em um pássaro que vive na moda, é independente e além de tudo poliglota? E mesmo quando todos já haviam se retirado.Continuei a fingir que estava fazendo cálculos, fazendo assim pouco caso da ilustre presença dele em minha mesa, ai dele se fizesse suas necessidades fisiológicas ali, iria virar pássaro de fraque assado pro jantar,
Era tudo que se passava em minha mente. Mas ele com certeza achava que aquele fraque não era suficientemente estranho e como se não bastasse me olhava de forma observadora, o que pude notar pelo cantinho dos meus olhos que não ousavam a fitá-lo também. E ele passou a percorrer toda a extensão do meu quarto entre pequenos saltos e pequenos voos, como se procurasse a liberdade, eu tinha certeza que ele procurava a janela, onde já se viu pássaros criados soltos? Se eu gostasse dele eu lhe presentearia com uma linda gaiola cor de rosa. E como havia de se esperar ele encontrou a porta para o mundo e permaneceu lá pousado por cerca de vinte segundos antes de dar um voo rumo a liberdade.
-Mainhaa!!! ele foi embora. Gritei com um ar de satisfação.
-Ele vai voltar. respondeu ela com uma credibilidade fora do comum.
-Não, ele não vai. Respondi baixinho e naquela noite fui dormir satisfeita como se durante aquela tardinha tivesse conseguido provar uma hipótese cientifica de anos de pesquisa..
No dia seguinte, realizei minhas tarefas e já não me lembrava mais do acontecimento no dia dia anterior. Quando no término do dia ao sentar-me para ler um pouco, senti como se estivesse sendo observada, quando olhei para janela, lá estava ele e eu não sei descrever a sensação de revê-lo ali parado, naquele instante, era uma mistura de desapontamento com ternura, eu pensava como seria possível aquilo? E ele continuava a fitar-me enquanto se aproximava desconfiadamente. Prontamente larguei o livro e fui em sua direção e quando estendi o dedo ele pousou como se fosse acostumado comigo por épocas, ele refletia uma coragem misturada com uma certa inocência encantadora.

– Porque você voltou? Perguntei na esperança de obter alguma resposta, a essa altura nada mais poderia ser surpresa para mim, mas ele não respondeu, apenas me olhava com ar curioso talvez o mesmo ar que eu o olhava. Por algum tempo senti que havia reciprocidade entre nós. E ele permaneceu por algum tempo antes de percorrer toda a extensão do meu quarto, ir até a janela e voar. Confesso que fiquei espantada e curiosa em saber se ele voltaria no dia seguinte, algo me dizia que não voltaria mas esperei com o mesmo entusiasmo de quem se espera um capitulo de uma novela que parou numa parte interessante. E ele voltou o que me deixou mais afeiçoada àquela criaturinha de fraque, não precisava falar nada, nem mesmo cantar, me bastava a sua fiel presença e aquele jeitinho engraçado de mexer a cabeça como de quem tenta entender algo, eu o olhava e sorria e ele parecia sentir prazer em me deixar com a duvida se realmente voltaria no dia seguinte, o bom é que sempre voltava. Até que um dia ele não veio mais. Tentava me concentrar nos meus afazeres e não conseguia, afinal porque ele não teria vindo? Talvez tivesse acontecido algo...ou talvez não...E ele permaneceu sem retornar por três dias quando enfim decidi tomar providências, mas o que fazer?? Ligar para policia, Ibama...algum órgão competente??
-Mãe aquele pássaro não voltou disse tentando esconder minha aflição e tristeza.
-Oras! exclamou ela, você também foi deixá-lo solto, porque não o colocou numa gaiola?
-Mas o moço disse que ele deveria ser criado solto.
- E você acreditou filha? você é muito boba menina, onde já se viu dizer que...
E antes que ela completasse aquele frase que mais parecia uma tortura aos meus ouvidos, sai para procurar o vendedor e ao encontrá-lo observei que ele usava uma grande gaiola cheia de pássaros, que por sua vez, não usavam fraques e me pareciam os mais normais possíveis.

Não tive coragem de perguntar pelos pássaros de fraque, fui tomada por uma enorme tristeza e desesperança, automaticamente meus olhos encheram-se d'água. . Fui até a praça, sentei-me e fiquei a pensar em tudo que havia ocorrido e cheguei a conclusão que não devemos confiar em pássaro que usa fraque xadres, cinza e amrelo, pois no fundo ele é apens um pássaro fantasiado de nossa melhor qualidade.

Isabela Glória :)

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